Rio -  Cerca de 2.500 mil vans ao redor do estádio Maracanã saíram em carreata pelo Centro do Rio para protestar na manhã desta quarta-feira. Os manifestantes do transporte alternativo legalizado prometem seguiram pelas avenidas Presidente Vargas e Rio Branco, até o Aterro do Flamengo e de lá, a pé, até a Cinelândia. Mais de 3.000 motoristas participaram da carreata. No final da tarde, os motoristas se dispersaram aos poucos até o fim do protesto.
A manifestação causou transtornos à população. O pesquisador de cadastro, Juliano da Silva, disse que chegou 2h depois do horário normal no trabalho. "Como estou começando no emprego novo, o protesto me atrapalhou bastante", enfatizou.

A estudante de engenharia da Universidade Estácio de Sá, Letícia Ferreira, 29 anos, não sabia da manifestação e foi surpreendida. "Acho que faltou informações da Prefeitura. Agora não sei se meu ônibus para casa vai passar aqui" disse. Veja o vídeo.

Foto: Divulgação 
A manifestação foi promovida pelo Movimento em Defesa do Transporte Alternativo (MDTA) do Município do Rio de Janeiro. O objetivo é promover a primeira grande assembléia da categoria, que reivindica a principalmente a licitação imediata de pessoas físicas com gestão operacional das linhas de vans através das cooperativas.
Os motoristas começaram a chegar ao Maracanã ainda de madrugada. Uniformizados, em sua maioria, eles se concentraram principalmente na Avenida Maracanã e na Rua Professoa Manuel de Abreu, no Portão 18. Os profissionais chegaram a estacionar em fila tripla, deixando apenas uma faixa para o trânsito.
Foto: Alexandre Vieira / Agência O Dia
Manifestantes reivindicaram licitação para cooperativas | Foto: Alexandre Vieira / Agência O Dia
Em nota, o MDTA informa que "todos os sindicatos e cooperativas de transporte alternativo do município, legalizados e de forma civilizada e pacífica, querem que o governo municipal libere imediatamente licitação como forma de garantir os cerca de 40 mil trabalhadores em suas atividades". A categoria alega que o Governo do Estado quer reduzir o número atual de concessões de sete mil para apenas 800.
Transporte precisa continuar, diz diretor
Os profissionais também querem ter permissão de circulação nos corredores BRS, exclusivo para ônibus em algumas vias do Centro e da Zona Sul do Rio, além de paradas comuns de embarque e desembarque nos pontos de ônibus. Segundo o MDTA, existem apenas 100 pontos oficializados para parada de vans na cidade. O número reduzido, segundo a entidade, acaba ocasionando multas aos motoristas. Segundo os trabalhadores, agentes públicos acabam se aproveitando para extorquir e emitir um número elevado de multas.
Segundo o diretor e um dos organizadores do MDTA, Hélio Souza, o transporte alternativo precisa continuar: "É com esta intenção que iniciamos a campanha pela manutenção deste serviço que há anos presta atendimento a 1,8 milhão de usuários e emprega 40 mil trabalhadores", informou Hélio.
Prefeito critica protesto
O prefeito Eduardo Paes criticou a manifestação de motoristas de vans que acontece nesta quarta-feira e disparou contra os possíveis líderes do protesto: "Nós não vamos proteger donos de cooperativa. Vamos fazer as licitações individuais. O que temos são esses donos de cooperativa, que querem ser patrão, em um trabalho que não é para ter patrão, agitando esse tipo de movimento".
Presente no Centro de Operações para acompanhar a manifestação, realizada no Maracanã e que promete causar grandes complicações no Centro do Rio, o prefeito não poupou críticas: "Direito a fazer protesto todo mundo tem, mas óbivio que tem que respeitar a população. A gente não pode prejudicar a população inteira por causa de uma manifestação".
As vans ocupam três faixas da Avenida Maracanã | Foto: Osvaldo Praddo / Agência O Dia
Protesto começou no Maracanã | Foto: Osvaldo Praddo / Agência O Dia
Com a carreata, mais de 3 mil vans ocuparam o entorno do estádio do Maracanã, causando grandes engarrafamentos na região. Segundo Paes, a população não pode pagar o preço pelo protesto:
"O ideal é que não saiam por ai engarrafando todo trânsito da cidade. Isso acaba jogando contra o próprio movimento. A gente pede respeito com a população, com o cidadão carioca", criticou.
Eduardo Paes disse que a reivindicação é em vão e que não haverá negociação: "Acabou. Nós não vamos licitar por cooperativas, vamos fazer licitações individuais e cada proprietário de van terá sua licença com as regras estabelecidas pela Prefeitura. Acabou dessa gente achar que vai ser dona da cidade e que vai usando os outros como massa de manobra"
SuperVia teve aumento de embarques
A SuperVia informa que, até as 16h desta quarta-feira, registrou 11 mil embarques a mais no sistema ferroviário, em comparação aos dados registrados na última quarta-feira. A concessionária ressaltou, em nota, que "reforçou a equipe de atendimento para garantir a segurança e o bem estar dos passageiros nas viagens de volta para casa essa noite, após um dia de manifestação realizada pelos motoristas de vans no Centro da cidade".